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Mostrando postagens de junho, 2014

Sonhando, um poema de Álvares de Azevedo.

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Olá gente. Hoje lhes trago um de meus poemas favoritos do poeta Álvares de Azevedo. O poema Sonhando retrata o amor não correspondido de um homem para sua dama. Nos traz a presença das idealizadas virgens pálidas e do sofrimento presente nos amores narrados nos poemas da 2° Geração Romântica. Vale a pena conferir esse poema. Leiam os cinco primeiros versos: Sonhando Na praia deserta que a lua branqueia Que mimo! Que rosa, que filha de Deus! Tão pálida - ao vê-la meu ser devaneia,  Sufoco nos lábios os hálitos meus! Não corras na areia,  Não corras assim!  Donzela, onde vais? Tem pena de mim!  A praia é tão longe! E a onda bravia As roupas de goza te molha de escuma De noite - aos serenos - a areia é tão fria, Tão úmido o vento que os ares perfuma!  És tão doentia! Não corras assim!  Donzela, onde vais? Tem pena de mim! A brisa teus negros cabelos soltou, O orvalho da face te esfria o suor; Teus seios palpitam - a brisa os roçou, Beijou-os, suspira, des

Canção de Berço, um poema de Carlos Drummond de Andrade.

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 Carlos Drummond de Andrade escrevendo crônicas para  o 'JB'.  Canção de Berço é um poema do grande poeta Carlos Drummond de Andrade que se encontra no seu terceiro livro, Sentimento do Mundo. Um poema crítico e muito belo. Um poema forte, negativo e que resume a ideia central desse livro tão importante para a literatura mundial. E esse é o poema escolhido para esse domingo, dia 22-06-2014. Canção de berço  O amor não tem importância. No tempo de você, criança, uma simples gota de óleo povoará o mundo por inoculação, e o espasmo (longo demais para ser feliz) não mais dissolverá as nossas carnes. Mas também a carne não tem importância. E doer, gozar, o próprio cântico afinal é indiferente. Quinhentos mil chineses mortos, trezentos corpos [de namorados sobre a via férrea e o trem que passa, como um discurso, irreparável: tudo acontece, menina, e não é importante, menina, e nada fica nos teus olhos. Também a vida é sem importância.

Mensagem por Fernando Pessoa.

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Fernando Pessoa em Mensagem.  A alguns meses eu li o Mensagem do Fernando Pessoa e separei dois dos poemas contidos ali que mais me chamaram atenção. Agora compartilharei com vocês um pouco dessa experiência magnífica que é ler algo do grande Pessoa.  #1  Os Deuses vendem quando dão.  Compra-se a glória com desgraça.  Ai dos felizes, porque são  Só o que passa!  Baste a quem baste o que lhe basta  O bastante de lhe bastar!  A vida é breve, a alma é vasta:  Ter é tardar.  Foi com desgraça e com vileza                                             Que Deus ao Cristo definiu:  Assim o opôs à Natureza  E Filho o ungiu. Fernando Pessoa. #2  QUINTO / O ENCOBERTO Que símbolo fecundo Vem na aurora ansiosa? Na Cruz Morta do Mundo A Vida, que é a Rosa. Que símbolo divino Traz o dia já visto? Na Cruz, que é o Destino, A Rosa que é o Cristo. Que símbolo final Mostra o sol já desperto? Na Cruz morta e fatal A Rosa do Encoberto. FERNANDO PES