Sonhando, um poema de Álvares de Azevedo.

Olá gente.
Hoje lhes trago um de meus poemas favoritos do poeta Álvares de Azevedo.
O poema Sonhando retrata o amor não correspondido de um homem para sua dama. Nos traz a presença das idealizadas virgens pálidas e do sofrimento presente nos amores narrados nos poemas da 2° Geração Romântica.
Vale a pena conferir esse poema.
Leiam os cinco primeiros versos:

Sonhando

Na praia deserta que a lua branqueia
Que mimo! Que rosa, que filha de Deus!
Tão pálida - ao vê-la meu ser devaneia, 
Sufoco nos lábios os hálitos meus!
Não corras na areia, 
Não corras assim! 
Donzela, onde vais?
Tem pena de mim! 

A praia é tão longe! E a onda bravia
As roupas de goza te molha de escuma
De noite - aos serenos - a areia é tão fria,
Tão úmido o vento que os ares perfuma! 
És tão doentia!
Não corras assim! 
Donzela, onde vais?
Tem pena de mim!

A brisa teus negros cabelos soltou,
O orvalho da face te esfria o suor;
Teus seios palpitam - a brisa os roçou,
Beijou-os, suspira, desmaia de amor!
Teu pé tropeçou...
Não corras assim!
Donzela, onde vais?
Tem pena de mim!

E o pálido mimo da minha paixão
Num longo soluço tremeu e parou,
Sentou-se na praia, sozinha no chão,
A mão regelada no colo pousou!
Que tens, coração?
Que tremes assim?
Cansaste, donzela?
Tem pena de mim!

Deitou-se na areia que a vaga molhou.
Imóvel e branca na praia dormia;
Mas nem os seus olhos o sono fechou
E nem o seu colo de neve tremia...
O seio gelou?...
Não durmas assim!
Ó pálida fria,
Tem pena de mim! (...)


Álvares de Azevedo

Então pessoal, esse foi o poema de Hoje. 
Até a próxima! 

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