Postagens

Poesia: Fogo por Mateus Christian.

Imagem
  Que tal o fogo? 2018, um ano dificil... Precisava incendiar alguma coisa - Preferir incendiar a mim mesmo. Escrever é isso - colocar fogo onde não se produz labaredas. Com vocês:                           FOGO Não sou nada e não posso sonhar em ser – A baixo tenho só terra e acima, ar. Quem pode um dia sonhar que Dessa constelação de elementos volúveis e inflamáveis Saísse algo que não - o nada? Faz-se fogo d’água e nada mais que fogo sai de ti a mim... Faz-se de ti tudo, menos o que eu sempre esperei. Num dia há de haver chuva, e, ao tocar no ar e na terra, A água se tornará faísca, e do volume – labaredas. E o fogo que antes consumia só a mim, consumirá a ti. E de vários em vários – todos. Nesse dia, posso morrer em paz. Ante a destruição de um incêndio descomunal, vê-se ... Purificação. Quem sabe os inquisidores não estavam certos? Ante fogo que mata, a purificação que renova! E da terra e do ar, sairão essa renovação. Pois, Se acim

Poesia: Ato da verdade.

Imagem
Hoje, nesse domingo de Julho, venho trazer-lhes um poema que eu mesmo escrevi. Escrevo poesias sempre que sinto a necessidade. No entanto, eu nunca mostrei a ninguém. Alguns até leram, mas eu não disse que havia sido eu que os escrevi.  Hoje, porém, eu meio que quis mostra-los aqui no blog.  Farei isso sempre que desejar. Como já perceberam, eu sempre posto 4 ou 5 poesias no mês. Sempre nos domingos.  Talvez eu tire um desses domingos e posto  uma das poesias que escrevi ou algum texto/conto/memória escrita por mim. Beleza?  O poema que escolhi para esse domingo foi o "Ato da verdade". Um poema que fala de quão incerto e indireto são nossas ações e como todas elas acabam sempre em um mesmo lugar. Talvez na dúvida ou na verdade. Mas nunca na certeza... Sempre escrevo textos assim. São devaneios meus que julgo de escrita necessária. Talvez para meu próprio psicológico. Mas vamos ao que interessa. Leiamos a poesia! Ato da Verdade Subjugado pela e

João Ubaldo Ribeiro: ✶ 1941 - ✞ 2014.

Imagem
Hoje é um dia de luto. Não sei se já sabem mas hoje, dia 18-07-2014, o nosso queridíssimo João Ubaldo Ribeiro veio a falecer. João Ubaldo Ribeiro é mais conhecido por ter publicado a obra Viva o povo brasileiro. Um livro que li e pude comprovar o quão fantástico é. Ele era membro da Academia Brasileira de Letras e era dono da cadeira de número 34. Hoje o mundo literário chora a perda desse grande homem. Hoje a Bahia, minha terra, chora aflita pela morte de um de seus mestres. Ubaldo era autor, jornalista, pai, um professor baiano e acima de tudo um grande homem que merce respeito e considerações pela grandiosa obra escrita. A humanidade rende agradecimentos para esse homem. Sem dúvidas, sairá de cena com uma salva de aplausos. Abençoado fomos nós que podemos conhecer um pouco dessa pessoa incrível por meio de seus escritos. A página oficial da Academia Brasileira de Letras postou sobre a morte de João Ubaldo Ribeiro: "Morreu hoje, em sua casa no Leblon, Rio de Janei

Poesia: Bem no fundo por Paulo Leminski.

Imagem
Paulo Leminski foi escritor, crítico literário, tradutor e professor. Sua vasta obra é variável e enigmática. Escreveu poesia, prosa, ensaios e biografias.   O poema desse domingo, 13-07-2014, é desse grande mestre da literatura brasileira e mundial.  O nome do poema escolhido é "Bem no fundo" e nos mostra um pouco da visão do poeta sobre o quanto as dificuldades afetam nossa construção pessoal.  Confiram o poema... Bem no fundo No fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela — silêncio perpétuo extinto por lei todo o remorso, maldito seja quem olhar pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas. Então, era isso pessoal.  Até a próxima

Apocalipse por Augusto dos Anjos.

Imagem
Fala ae leitores. Com estão? Nesse domingo de Julho lhes traga uma tocante e agoniante poesia de Augusto dos Anjos. O nome do poema é Apocalipse. Não penso que faça uma alusão direta aos acontecimentos descritos no livro bíblico das revelações de João. O Apocalipse do qual Augusto dos Anjos nos fala, para mim, é mais relacionado ao Apocalipse interno. No primeiro verso ele diz " Minha divinatória Arte ultrapassa". Esse "minha" delineia o que penso dessa poesia. E Augusto prossegue a dizer o que sente e o que pensa. Ele Desce, crê, entra e vive.  Deliciem-se com esse ótimo poema desse grande Poeta. Abraços e até mais. Apocalipse Minha divinatória Arte ultrapassa os séculos efêmeros e nota Diminuição dinâmica, derrota Na atual força, integérrima, da Massa. É a subversão universal que ameaça A Natureza, e, em noite aziaga e ignota, Destrói a ebulição que a água alvorota E põe todos os astros na desgraça! São despedaçamentos, derruba

Sonhando, um poema de Álvares de Azevedo.

Imagem
Olá gente. Hoje lhes trago um de meus poemas favoritos do poeta Álvares de Azevedo. O poema Sonhando retrata o amor não correspondido de um homem para sua dama. Nos traz a presença das idealizadas virgens pálidas e do sofrimento presente nos amores narrados nos poemas da 2° Geração Romântica. Vale a pena conferir esse poema. Leiam os cinco primeiros versos: Sonhando Na praia deserta que a lua branqueia Que mimo! Que rosa, que filha de Deus! Tão pálida - ao vê-la meu ser devaneia,  Sufoco nos lábios os hálitos meus! Não corras na areia,  Não corras assim!  Donzela, onde vais? Tem pena de mim!  A praia é tão longe! E a onda bravia As roupas de goza te molha de escuma De noite - aos serenos - a areia é tão fria, Tão úmido o vento que os ares perfuma!  És tão doentia! Não corras assim!  Donzela, onde vais? Tem pena de mim! A brisa teus negros cabelos soltou, O orvalho da face te esfria o suor; Teus seios palpitam - a brisa os roçou, Beijou-os, suspira, des

Canção de Berço, um poema de Carlos Drummond de Andrade.

Imagem
 Carlos Drummond de Andrade escrevendo crônicas para  o 'JB'.  Canção de Berço é um poema do grande poeta Carlos Drummond de Andrade que se encontra no seu terceiro livro, Sentimento do Mundo. Um poema crítico e muito belo. Um poema forte, negativo e que resume a ideia central desse livro tão importante para a literatura mundial. E esse é o poema escolhido para esse domingo, dia 22-06-2014. Canção de berço  O amor não tem importância. No tempo de você, criança, uma simples gota de óleo povoará o mundo por inoculação, e o espasmo (longo demais para ser feliz) não mais dissolverá as nossas carnes. Mas também a carne não tem importância. E doer, gozar, o próprio cântico afinal é indiferente. Quinhentos mil chineses mortos, trezentos corpos [de namorados sobre a via férrea e o trem que passa, como um discurso, irreparável: tudo acontece, menina, e não é importante, menina, e nada fica nos teus olhos. Também a vida é sem importância.