Poesia: Fogo por Mateus Christian.

 

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Que tal o fogo?

2018, um ano dificil... Precisava incendiar alguma coisa - Preferir incendiar a mim mesmo. Escrever é isso - colocar fogo onde não se produz labaredas.

Com vocês:
                          FOGO
Não sou nada e não posso sonhar em ser –
A baixo tenho só terra e acima, ar.
Quem pode um dia sonhar que
Dessa constelação de elementos volúveis e inflamáveis
Saísse algo que não - o nada?

Faz-se fogo d’água e nada mais que fogo sai de ti a mim...
Faz-se de ti tudo, menos o que eu sempre esperei.
Num dia há de haver chuva, e, ao tocar no ar e na terra,
A água se tornará faísca, e do volume – labaredas.
E o fogo que antes consumia só a mim, consumirá a ti.
E de vários em vários – todos.

Nesse dia, posso morrer em paz.
Ante a destruição de um incêndio descomunal, vê-se ...
Purificação.
Quem sabe os inquisidores não estavam certos?
Ante fogo que mata, a purificação que renova!
E da terra e do ar, sairão essa renovação. Pois,
Se acima e abaixo se renovam, o que resta ao meio?
A-D-A-P-T-A-Ç-Ã-O.

Nesse dia, morrerei feliz.
Não tenho mais o que fazer aqui... completei o ensejo de meus dias...
Nesse dia, todos serão como a mim.
E como iguais, nos renovaremos, com o fogo simbólico que purifica.
Nesse dia, o outro será eu e eu serei ti.
Nesse dia, quem sabe, em vez de morrermos todos queimados,
Não passemos a viver na mais absoluta vida: Enfim, purificados?

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